quarta-feira, 9 de julho de 2008

O valor do vento

Porque hoje está um dia de vento (e, ao que parece, assim vai continuar), lembrei-me deste poema de Ruy Belo que deve ter um dos finais mais inesperados (e cómicos) da História da Poesia...

Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto

(Todos os Poemas, Vol I)

1 comentário:

  1. Olá,
    Gostei tanto do poema que não resisti em enviar-lhe para um daqueles mails que constam da lista da direita um videozinho que me veio de imediato à memória.
    Obrigada pela partilha, Maria Manuel

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