sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Os Livros da Minha Infância (2)
Imaginar os sítios e as personagens
- A Fada Oriana, A Floresta, A Menina do Mar, Sophia de Mello Breyner
Andresen
- Puff e os seus Amigos, A.A. Milne
- Era uma Vez, Maria Lúcia Namorado
- The Big Book of Fairy Tales
- The Tale of Peter Rabbit, The Tale of Jemima Puddle-Duck, Beatrix Potter
- Peanuts, Charles M. Schulz
- Mafalda, Quino
- A Chave do Castelo Azul, O Veado Florido, O Mercador de Coisa Nenhuma,
- O Pajem Não Se Cala, António Torrado
Quando era pequena, uma das coisas de que me lembro era que o meu pai nos
costumava ler (a mim e aos meus irmãos) histórias compridas, um bocadinho
cada noite. O quarto estava às escuras e ele lia de pé, junto a uma frincha da
porta para ter luz. Nessa altura dormíamos os três no mesmo quarto num beliche com andar de cima, de baixo e gaveta. Lembro-me muito bem de estar deitada, no escuro, a ouvir as histórias e a vibrar com as passagens mais emocionantes (a velhinha d’A Fada Oriana a aproximar-se do abismo), a imaginar os sítios e as personagens que eram descritas e a querer saber como continuaria a história no dia seguinte.
Havia claramente coisas que me fascinavam e outras que me eram indiferentes.
Coisas que me fascinavam (e que me vêm agora à cabeça): a ilustração de uma velhinha com um molho de ramos às costas, a capa do livro da velha que vivia numa bota (pelos vistos, as velhinhas tocavam-me especialmente), a história de um pintainho cego, animais que viviam em tocas na floresta, um livro polaco que tinha uns desenhos de uns pinguins...
Quando fui para o ciclo, tive uma professora, a Maria Augusta Manaia, que punha em prática um «plano pessoal de leitura» a que chamávamos biblioteca de turma. Às segundas-feiras trazíamos um livro de casa e dizíamos por que é que o aconselhávamos. Depois, cada um pedia emprestado o livro que lhe tinha parecido mais aliciante (e dizia o que tinha achado do livro que tinha levado na semana anterior). Nessa altura devorei tudo: António Torrado, as «Aventuras» todas, Alice Vieira, Enid Blyton... Lembro-me de ter lido o Romance da Raposa do Aquilino Ribeiro e de ter gostado muito (apesar de ter achado difícil de ler). Os meus preferidos eram os livros do António Torrado — gostava muito da maneira de escrever dele, cheia de graça.
Em casa dos meus avós havia livros ingleses, antigos, com ilustrações que eu adorava. Podia passar horas a olhar para as imagens e gostava da sensação de serem livros que já tinham sido da minha avó quando era pequenina. Que as minhas tias e a minha mãe já tinham lido. Gostava daquela fragilidade, dos papéis, das capas com gravuras, das ilustrações a preto e branco, do cheiro.
Madalena Matoso
estou a adorar esta série de posts, e as fotos deste são particularmente deliciosas :)
ResponderEliminarAdorei Madalena.
ResponderEliminarPercebo muito bem, isso do cheiro dos livros...também me lembro.
Mas, sem dúvida, o que gostei mais foi do bébé tão fofinho que tu eras! Grande beijinho.
que bom e bonito que isto tudo é! Sabe tão bem no meio da "crise" encontrar este site/sítio de beleza
ResponderEliminarAdorei este post, as fotos, ver uma pessoa que tanto aprecio, tão nobre como o Prof. Mattoso, uma pessoa tão bonita.
ResponderEliminar