quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Fala a preguiça


Eu gosto tanto, tanto, tanto
de
estar quieta, muito parada,
de
fazer nada, coisa nenhuma,
e de
fazer isso, que é não fazer
e de
não estar, não ir, também.
Eu
faço nada e todos
me
dizem que faço isso muito bem.

Faço
arroz de nada, pudim de nada
(que
não é nada, está-se mesmo a ver)
e é
tudo muito bom, delicioso,
por não ser preciso fazer.
Eu
faço nada, sou um nadador,
mas
não daqueles que nadam mesmo,
O
que é cansativo, tão maçador;
é
que nadar, para mim,
tem
um defeito insuportável:
aquele
erre que está no fim.

E
não digam que não faço nada
porque
eu faço isso o mais que posso
e se
não faço mais é porque mesmo nada
fazê-lo
muito é uma maçada.
Não
quero ir. Ainda é cedo.
Que
pressa é essa? Não pode ser!
Deixem-me
estar porque eu hoje tenho
bastante
nada para fazer.

Álvaro Magalhães 

Em direto das férias, com abraços para todos.
E mais nada.

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