segunda-feira, 18 de março de 2013

Perder o medo de errar: o segredo para gostar de matemática


Manuela Castro Neves deu aulas durante 44 anos. Leram bem: 44 anos!
Quando lhe perguntamos se nunca perdeu o entusiasmo, responde sem pestanejar “Nunca”. Hoje, apesar de reformada, ainda ajuda muitas crianças a gostar de aprender e continua a sentir-se “revigorada” sempre que visita uma escola.


Ligada ao Movimento da Escola Moderna desde a sua fundação, Manuela Castro Neves procurou trazer os princípios democráticos para as suas aulas. Isto quando, lá fora, ainda se vivia uma ditadura. Trabalhou em meios rurais e urbanos; fundou um externato; regressou à escola pública, logo após o 25 de Abril, por sentir ter algo importante para dar.
Ao logo do seu percurso, conheceu centenas de crianças. Nos casos mais complicados viu sempre uma oportunidade de se tornar melhor professora, de ganhar mais um aluno e evoluir na sua profissão.

Sobre as crianças de hoje diz estarem “mais espertas”, “melhor informadas”, “muito mais estimuladas”, em resumo: “cada vez melhores”. Foi para todas elas que criou materiais como os que publicamos neste livro — materiais usados na sala de aula, com uma componente lúdica forte, que têm como ponto de partida os conteúdos curriculares ou as dificuldades das crianças.

Neste livro é a matemática que está no centro das atenções, um bicho que ainda assusta muita gente porque “de um modo geral, na escola, está muito presente o medo de errar”. Como a matemática é quase sempre apresentada de modo "muito formal e taxativo", basta juntar 1 + 1.

Em “Tantos animais e outras lengalengas de contar” (com ilustrações de Yara Kono), a matemática funciona como um mote: cada lengalenga tem por base um conceito matemático concreto — pares, dobros, contagem regressiva, múltiplos, etc—, a partir do qual a autora desenvolve uma pequena história ou situação. Algumas destas lengalengas partem de um elemento tradicional que a autora explora, introduzindo novas perguntas e respostas:

1, 2, 3, 4
quantos pelos tem o gato?
Tem mais de uma dezena.
Será que tem uma centena?

Outras procuram, na realidade que nos cerca, situações onde a matemática possa estar presente:

1, 2, 3, lá na loja do chinês...
3, 2, 1, há muitas latas de atum.
4, 5, 6 há coloridos papéis...
6, 5, 4 e toda a espécie de sapato.

Basta, assim, seguir o ritmo das palavras e a matemática virá por acréscimo. 
Devagar como o Caracol ou saltando de dois em dois (como o Coelhinho Calabois) mas, de preferência, sem grandes Multicomplicações.

Entrevista com Manuela Castro Neves, autora do novo livro do Planeta Tangerina:


manuela from bird on Vimeo.

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