Na prateleira-de-baixo

O "Andar por Aí" está na prateleira-de-baixo.
Teve direito a ser cabeçalho de blogue e não se portou nada mal.

A bolha...

Provalvelmente há já quem organize visitas de estudo aos bastidores das bibliotecas.
Porque há salas memoráveis, daquelas que podem espantar tanto um leitor como certas páginas dos livros: salas com estantes apinhadas, altas como arranha-céus, salas com arquivos deslizantes que mostram camadas sucessivas de prateleiras, salas com livros tão despedaçados que tememos tocar-lhes (diz-se, nas bibliotecas, que os romances com mais tiras de fita-cola são os melhores).
Os bastidores da biblioteca de Serpa ainda são novos, arrumadíssimos, com uma limpeza de hospital, mas nem por isso menos dignos de uma visita. Sobretudo desde que lá existe uma certa bolha...

Talvez a bolha seja uma realidade banal na vida de um bibliotecário, mas para quem só viu bolhas nos livros de ficção científica é uma imagem inesquecível.
"Venham cá ver a bolha..." disseram-nos. E nós lá fomos, pé ante pé, corredor fora.
A bolha é, de facto, uma bolha: uma espécie de saco de plástico gigante ao qual foi retirado o oxigénio e onde repousam dezenas de caixotes de cartão cheios de livros. Os livros estão lá dentro durante algumas semanas, não sei ao certo quantas, rodeados apenas de azoto, esperando, pacientes, que toda a bicharada que se alimenta das suas páginas morra.
E acaba por morrer.
Imagino o dia em que a bolha é desfeita (rebenta a bolha! grita-se nos corredores da biblioteca, como antigamente nos recreios) e os livros são abertos, sacudidos dos cadáveres, aspirados.
As personagens abrem a boca como peixes, tossindo e recuperando o fôlego.
Tememos pela sua vida, pedimos oxigénio, damos-lhe palmadinhas nas costas mas, ao fim de poucos segundos, voltam aos seus lugares, prontas a regressar às mãos dos leitores.
Habituadas a enredos insólitos, a experiência da bolha não parece causar-lhes grandes traumas...

Para quem se interesse pelo tema encontrei aqui mais informação (a partir da qual corrigi algumas imprecisões deste texto).

Em Serpa, contra a invasão

Demorámos quase quatro horas a chegar, mas estávamos mesmo a pedi-las: os invasores interceptaram as comunicações da nossa missão a Serpa e fizeram-nos a vida negra às portas de Lisboa, entupindo todas as saídas.
Mas valeu a pena. A Biblioteca Municipal de Serpa abriu há poucos meses e tem as melhores condições para receber leitores habituais e forasteiros como nós.
De tesoura e cola em punho, as turmas do 4.º ano, da escola do 1.º Ciclo de Serpa, divertiram-se a combinar todo o tipo de veículos motorizados com olhos, narizes e bocas recortados de muitas figuras ilustres que se passeiam pelas revistas.
José Sócrates, Ferreira Leite, Gato Fedorento, Ronaldo ou Obama emprestaram-nos algumas das suas peças para lutarmos contra a invasão automobilística.




Ao Miguel e à Maria João agradecemos este convite, a montagem cuidada da exposição e a forma tão eficaz como prepararam a nossa chegada.

1959

Miles Davis & John Coltrane - So What (1959)

As coisas incríveis que fazem 50 anos este ano e que mudaram o mundo para sempre.

A Motown
A Island Records
Kind of Blue de Miles Davis
Nasce Morrissey (o guardian perguntou: unhappy birthday?)
Robert Zimmerman passa a apresentar-se como Bob Dylan (o que deve querer dizer que faz 50 anos de carreira, exactamente os mesmos de um outro Roberto, o Carlos.)
Nascem as Ronnetes
David Bowie recebe um saxofone de plástico no Natal.
Claro que se quiser começar a escavar, o buraco nunca mais acaba.
Mas as bodas de ouro da Motown, Island Records, Kind of Blue e Morrissey são demasiado grandes para passar ao lado.
So what?

E já agora.
No campo do cinema, há quem pergunte "1959: The best movie year ever?"
Fazem este ano 50 anos:
"North by Northwest," de Hitchcock.
"Some Like It Hot," de Billy Wilder.
"Imitation of Life" de Douglas Sirk.
"Ben-Hur" de William Wyler (que levou os famosos 11 óscares para casa).
"Rio Bravo" de Howard Hawks.
"Les Quatre Cents Coups" de Truffaut.
"Anatomy of a Murder" e "Porgy and Bess" de Otto Preminger.
(isto, para dizer só alguns)

Farol de Sonhos: finalmente mais um

Após 3 anos de intervalo, o Farol de Sonhos está de volta.
Para além das conferências e workshops, a edição deste ano vai homenagear os ilustradores Isidro Ferrer (Espanha) e Teresa Lima (Portugal).

Inscrições até 9 de Outubro.

"A Grande Invasão" chega a Serpa

Imaginamos que Serpa seja terra pacata, sem engarrafamentos nem problemas de estacionamento...
Ainda assim, e nunca fiando, a Semana Europeia da Mobilidade é comemorada a preceito nesta cidade alentejana onde, entre muitas outras iniciativas, inaugura hoje, na Biblioteca Municipal Abade Correa da Serra, uma exposição de ilustrações do livro "A Grande Invasão".

No dia 22, Dia Europeu sem Carros, rumaremos até Serpa (de carro, pois...), a convite da mesma Biblioteca, onde faremos dois pequenos ateliers com as crianças do 1.º Ciclo.

Porque há coisas muito mais perigosas do que a Gripe A, e uma delas é a invasão automobilística, construíremos cartazes para alertar os serpenses para as estratégicas (diabólicas!) usadas por estes seres de 4 rodas que ambicionam tomar conta das nossas ruas.
Prometemos mostrar aqui os resultados.

Sempre a andar...

Três livrarias do Porto dão as mãos e mandam-nos dar à sola.

O circuito começa no Edifício Cristal Parque, continua pela R. D. Manuel II e termina na R. Calouste Gulbenkian (tudo no Porto, claro). Em cada paragem, os participantes trabalham numa fase da produção do livro: escrever, ilustrar, editar.

As inscrições podem ser feitas em qualquer uma das livrarias: Papa-livros, Index ou Tropelias & Cia.

Livro de leitura da primeira classe

Ilustrações de Maria Keil e Luís Filipe de Abreu.
Obrigada querida Maria T., pelo empréstimo desta preciosidade (e pela sardinhada, e pelos figos do Dirão da Rua, que souberam tão bem).

Pepinem!

Só durante as férias me chegou às mãos um exemplar da revista Pepino, um projecto "amador e caseiro", "feito por famílias e para as famílias".

A Pepino é descontraída e espontânea, mas muito bem pensada. Em 32 páginas cabem uma "Coisoteca" com sugestões variadas (livros, filmes, música, sites, brinquedos), uma secção de trabalhos manuais, outra sobre vida animal e ainda um roteiro de viagens, receitas, jogos, histórias ou desenhos dos leitores.
Alguns destes conteúdos são feitos pela equipa editorial, mas a ideia é que passem a ser os leitores a propor ideias e a enviar os respectivos materiais.
Nas páginas finais, por exemplo, onde podemos acompanhar uma fotonovela emocionante com pepinos de verdade, os leitores são desafiados a imaginar e fotografar os próximos episódios.

Valter Nego (psedónimo de um autor anónimo que se estreia na Pepino) trouxe para a secção "Conta-me um Conto" alguns dos poemas que enchem a gaveta da sua mesinha de cabeceira. Este é um deles:

Humanos
O pequeno fantasma muito a tremer,
perguntou à mãe tentando adormecer:
— Mãe, existem mesmo humanos?
— Humanos? Claro que não meu filho!
— Os humanos são uma invenção...
Desses filmes de terror que vês na televisão.

Fotografia retirada do blogue da Pepino.

Na Timeout...

Na edição desta semana, a Timeout publica um texto de Catarina Figueira sobre o livro "Andar por Aí". Para ler na versão online da revista aqui.

The Apple and The Egg

Através de um comentário no post anterior (obrigada), ficámos a saber que o blogue "The Apple and the Egg" dedicou um post ao trabalho da Madalena no livro "Quando Eu Nasci".

"The Apple and the Egg" é um blogue britânico mantido pelo ilustrador e designer Nikalas Catlow, actual responsável pelo design das edições juvenis da Random House.
Para ler aqui.

Paredenses uni-vos

Caros sócios da Sociedade Musical União Paredense (toc toc toc, está alguém desse lado?)

No próximo dia 5 de Setembro, pelas 15hoo vai realizar-se uma Assembleia Geral que promete ser escaldante — aprovar o financiamento das obras da SMUP.

A nossa querida e centenária sociedade está seriamente a precisar de uns arranjos para ficar (ainda) mais bonita e durar muitos anos.

Não faltes.

Aqui ficam uns cartazes feitos pelo Bernardo durante o enérgico mandato de 2004-2006 (estas datas provavelmente não estão certas mas foi mais ou menos por aí).

Grandes festas!

Uma capa para a

Está aberto o concurso de desenho de uma capa da Anorak (o que é um bom pretexto para alindarmos o nosso blog usando uma imagem deles.)

Todas as informações aqui.

(para recordar: aqui tínhamos falado da happy mag)