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Quase podia ser uma história de Natal a de Tico, o pássaro sem asas. Leo Lionni conta-a neste lindíssimo "Tico and the Golden Wings", que reencontrei agora no Books by its Cover.
A história é mais ou menos esta:
"O sonho de Tico é ter um par de asas douradas que o levem longe, até ao cimo das montanhas. Mas no dia em que consegue o que tanto quer, Tico passa a voar sozinho, ignorado pelos amigos.
Nos seus voos solitários, começa então a ajudar as pessoas com quem se cruza, oferecendo, uma por uma, as suas penas de ouro: sempre que oferece uma pena, nasce no seu lugar uma pena escura. E é assim que, um dia, as asas de Tico deixam de ser douradas, para se tornarem negras como tinta da china, iguais às de tantos outros pássaros."
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Leo Lionni escreveu e ilustrou esta história em 1964. Provavelmente fê-lo na sua quinta toscana, onde passava a Primavera e o Verão, para regressar a Nova Iorque nos meses mais frios. Era aí, em Itália, rodeado de campo, lagartixas, ratos e sapos que encontrava inspiração para as suas histórias, quase sempre fábulas, escritas e ilustradas de forma exemplar.
Uma das minhas preferidas é a do rato Frederico, editada em Portugal pela Kalandraka e que, pensando bem, tem qualquer coisa de autobiográfico do autor: Frederico é um rato, mas ao contrário dos outros ratos que aproveitam o Verão para recolher alimento para o Inverno, este herói aproveita os dias quentes para armazenar histórias e poesia, com que nos meses frios irá encher os serões dos outros ratos, seus companheiros.
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Nascido em 1910, em Amesterdão, Leo Lionni publicou o seu primeiro livro "para crianças" apenas em 1959. Antes de se dedicar à escrita e ilustração, foi professor e director de arte de algumas das maiores agências publicitárias americanas. Influenciado pelos artistas da sua época, foi o primeiro ilustrador a trabalhar para crianças que usou a técnica de colagem nos seus trabalhos (inclusive antes do talvez mais conhecido Eric Carle que, algum tempo depois e encorajado pelo mestre, seguiu as suas pisadas). Leo Lionni defendia a ideia de que os livros para crianças devem ser graficamente ousados e mostrar aos mais novos o que de mais contemporâneo acontece à sua volta. Apesar de ter começado relativamente tarde a sua carreira nesta área, ganhou quatro vezes a medalha Caldecott (e não é de admirar).
Os seus livros são, para mim, verdadeiras pérolas: simples, poéticos, bonitos... o que mais podemos querer?
Na Random House, informação mais completa sobre o artista (vale a pena ler aqui um depoimento seu em resposta à pergunta "onde vai buscar as suas ideias?")
E no site da kalandraka, os livros de Lionni editados em português.
Quase me esquecia: em nome do Planeta Tangerina, boas festas, bom 2009!