Não conheço bem o processo que levou ao possível encerramento da Sá da Costa. Sei apenas que a livraria esteve para fechar por causa de dívidas e que um grupo de trabalhadores pegou no negócio, procurando manter a loja aberta (e durante algum tempo conseguiu-o).
No coração do Chiado nem sequer se coloca o problema da desertificação (comum em tantas outras cidades, causado pelo magnetismo dos centros comerciais), por isso imagino que, como tantas outras lojas, a Sá da Costa também terá de lidar com o problema das rendas altas, só suportáveis por grandes cadeias de lojas — que têm em comum o facto de tornarem cada vez mais iguais os centros das cidades por todo o mundo.
O comércio também faz parte da cultura de um país, nem deveria ser preciso escrever uma coisa tão óbvia. E o facto de, cada vez mais, o nosso comércio estar exclusivamente nas mãos de grupos gigantes, torna-nos mais pobres a cada dia que passa. Porque, pouco a pouco, perdemos a possibilidade de escolha, perdemos o que é nosso e único, e as ruas das cidades vão ficando desertas e sem graça. Mais uma vez, é apenas e exclusivamente o factor financeiro que conta, tudo o resto são balelas poéticas, lirismos e afins (como normalmente chamam a este tipo de indignações).
No sábado, dia 20, às 21.00h, vai ser apresentado o "Manifesto contra o desastroso encerramento das livrarias da cidade de Lisboa no centenário da Livraria Sá da Costa", assim dito com as letras todas.
É importante que quem se preocupa com a cidade, e não só com os livros, lá esteja, a dar o seu apoio.
A notícia do Público, aqui.
E um post no Cadeirão Voltaire, que vale a pena ler, aqui.
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