terça-feira, 13 de março de 2018

Orgulhosamente impressos em Portugal


Inauguramos hoje a série “perguntas que os leitores fazem ou talvez tenham vontade de fazer”. 

Objetivo: explicar algumas das decisões que tomamos enquanto editores. 
(Se vos apetecer, perguntem.)

Primeira pergunta:
Neste mundo global que importância tem se um livro é impresso aqui ou no outro lado do mundo?

Quando começámos a trabalhar, já lá vão 20 anos, em quase todas as gráficas existia um departamento de pré-produção que preparava os originais para serem reproduzidos e fazia as digitalizações das imagens em alta qualidade. Nas provas finais acertavam-se cuidadosamente os detalhes, pois qualquer erro saía caro depois dos fotolitos estarem impressos (uma espécie de negativos de um livro). Tudo demorava muito mais tempo. Tudo era feito com um cuidado imenso.
Depois, com as mudanças tecnológicas, os ficheiros com as artes-finais dos livros passaram a seguir diretamente dos computadores para as chapas de impressão das máquinas e, aos poucos, estes departamentos de pré-produção foram fechando. Todos esses profissionais (com grande amor ao que faziam) ficaram sem trabalho. Devido às globalizações, ao andar da carruagem, ao progresso, ao tempo que passa.

Com o passar dos anos, vimos fechar muitos gráficas que faziam uma excelente pré-produção e depois fecharam também excelentes gráficas que faziam excelentes impressões, pois a produção em países asiáticos tornou-se muito atraente: mais barata, cada vez com maior qualidade, permitindo pop up’s, recortes e outras tecnologias do papel a preços estranhamente baixos.

A produção de um livro num país asiático pode ser muito mais rentável para uma editora (já pedimos preços e sabemos disso muito bem). Mas a rentabilidade a curto prazo não é tudo nesta vida, por isso continuamos a imprimir em Portugal.
Porque gostamos que continuem a existir boas gráficas em Portugal. Porque temos excelentes profissionais. Porque não gostamos que o transporte dos nossos livros liberte CO2 para atmosfera. Porque as impressões em países asiáticos não nos dão ainda as garantias de boas práticas ambientais e laborais que temos aqui na Europa. Por uma questão de proximidade.
Podermos meter-nos no carro e, em meia hora, estar a ver as folhas a sair da máquina de impressão é das coisas mais lindas que há. Uma emoção parecida com ir espreitar um recém-nascido à maternidade.

























(este está quase a chegar!)

4 comentários:

André Santos disse...

Obrigado pela partilha. Concordo plenamente e tento reflectir esta atitude no meu trabalho também. Fazer cá para que o "cá" cresça. Obrigado pela inspiração, Tangerinas :)

Mari disse...

felicitaciones!!

Lucy disse...

vocês enchem-nos de orgulho e de alegria

Graça Caldeira disse...

Concordo plenamente! A vossa editora e uma inspiração para se fazerem coisas de forma correta é sustentável com sentido de responsabilidade social.
Espero que consigam sempre continuar assim.
Um abraço,