Manuela Castro Neves deu aulas durante 44 anos. Leram bem: 44 anos!
Quando lhe perguntamos se nunca perdeu o entusiasmo, responde sem pestanejar “Nunca”. Hoje, apesar de reformada, ainda ajuda muitas crianças a gostar de aprender e continua a sentir-se “revigorada” sempre que visita uma escola.
Ligada ao Movimento da Escola Moderna desde a sua fundação, Manuela Castro Neves procurou trazer os princípios democráticos para as suas aulas. Isto quando, lá fora, ainda
se vivia uma ditadura. Trabalhou em meios rurais e urbanos; fundou um
externato; regressou à escola pública, logo após o 25 de Abril, por sentir ter
algo importante para dar.
Ao logo do seu percurso, conheceu centenas de crianças. Nos
casos mais complicados viu sempre uma oportunidade de se tornar melhor
professora, de ganhar mais um aluno e evoluir na sua profissão.
Sobre as crianças de hoje diz estarem “mais espertas”,
“melhor informadas”, “muito mais estimuladas”,
em resumo: “cada vez melhores”. Foi para todas elas que criou materiais como os que
publicamos neste livro — materiais usados na sala de aula, com uma componente
lúdica forte, que têm como ponto de partida os conteúdos curriculares ou as
dificuldades das crianças.
Neste livro é a matemática que está no centro das atenções,
um bicho que ainda assusta muita gente porque “de um modo geral, na escola, está muito
presente o medo de errar”. Como a matemática é quase sempre apresentada de modo "muito
formal e taxativo", basta juntar 1 + 1.
Em “Tantos animais e outras lengalengas de contar” (com ilustrações
de Yara Kono), a matemática funciona como um mote: cada lengalenga tem por base
um conceito matemático concreto — pares, dobros, contagem regressiva,
múltiplos, etc—, a partir do qual a autora desenvolve uma pequena história ou
situação. Algumas destas lengalengas partem de um elemento tradicional
que a autora explora, introduzindo novas perguntas e respostas:
1, 2, 3, 4
quantos pelos tem o gato?
Tem mais de uma dezena.
Será que tem uma centena?
Outras procuram, na realidade que nos cerca, situações onde
a matemática possa estar presente:
1, 2, 3, lá na loja do chinês...
3, 2, 1, há muitas latas de atum.
4, 5, 6 há coloridos papéis...
6, 5, 4 e toda a espécie de sapato.
Basta, assim, seguir o ritmo das palavras e a matemática
virá por acréscimo.
Devagar como o Caracol ou saltando de dois em dois (como o Coelhinho Calabois) mas, de preferência, sem grandes Multicomplicações.
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