segunda-feira, 30 de março de 2009

Para mim novo, novo... foram os checos


Quando vamos a Bolonha há sempre um país, uma editora ou uma maneira nova de pensar os livros que marcam mais a nossa visita.
Já foram os franceses (e continuam a ser).
Já foram os coreanos e os japoneses.
Já foram os álbuns “duros” para crianças com temas difíceis, complicados.
Já foram os indianos (o ano passado com os fantásticos livros da Tara Publishing).
E tantos outros.
Cada pessoa terá as suas revelações, em diferentes tempos, muitas vezes com décadas de atraso em relação ao “colega do lado”, porque os percursos de descoberta são mesmo muito pessoais, com pano que dá para mangas e mangas de conversa...
As mesmas pessoas podem ter acesso aos mesmos livros, mas o impulso que as faz, num dado momento, esticar o braço para um livro e não para outro, é mesmo isso — um impulso, coisa que vem de dentro, resultado da combinação de muitas e variadas forças.

Este ano, uma das grandes revelações da feira foram para mim as edições da República Checa. Não conheço bem a história deste país na área da edição infantil, mas, pelo que oiço, aqui e ali, de gente mais entendida, pressinto-a rica, com uma já longa tradição, que trouxe até nós, por exemplo, o trabalho de Kveta Pacovska. Os checos andaram durante algumas décadas meio adormecidos, um pouco decadentes até, mas nos últimos anos uma série de novas editoras e autores vieram trazer um novo fôlego à edição.
Em Bolonha, o stand checo era um bom exemplo de como um país se pode juntar e facilmente apresentar os seus trunfos, aposto que sem serem precisos muitos milhares de euros. A exposição “16 figs — New Czech Illustrations From the Last Decade” apresentava 16 expositores verticais, cada um com a fotografia em grande formato de um ilustrador e alguns exemplares, disponíveis para serem folheados, dos respectivos livros. Para além do trabalho de ilustração de grande qualidade, sobressaía o cuidado ao nível dos materiais e acabamentos: papeis diferentes, novas texturas, capas, sobrecapas e guardas elegantemente vestidas, muitas vezes em tecido, revelando um trabalho especial na construção do livro como objecto que se toca e tacteia.
O lado racional só pensa “ como deve ser cara a produção...”.
Mas o outro lado, o tal dos instintos, só pensa “é tão perfeito, quero levar isto para casa já”.


Para descobrir aqui a extraordinária Baobab, editora checa que trabalha com as novas gerações de autores.

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