sexta-feira, 29 de abril de 2011

Atelier Gato, Gatuno, Gatão




Gatuno, o gato do Livro dos Quintais, também vai andar pelo Parque Eduardo VII.
(Na verdade, não será apenas um Gatuno, mas vários desta mesma espécie, conhecida entre os biólogos por Gatus quintalus portuguesus).

Por volta das 16.30h, discretamente e com elegância como sempre se movem, os Gatunos subirão o parque e farão uma pausa na sombra do nosso pavilhão (C05, Zona E).
Um pouco mais tarde, e porque são gatos vadios, escolherão outras paragens.

Muros, árvores, ervas altas, bancos da Feira do Livro... preparem-se: os Gatunos vêm aí!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Feira do Livro de Lisboa

Como não podia deixar de ser, também vamos estar na Feira do Livro.
Visitem-nos no pavilhão da Prodidáctico: C05, Zona E (à direita de quem sobe).



NOVIDADES
Na feira e em primeira mão, vai estar à venda a nova edição do livro "Obrigado a Todos" que, após estar vários anos esgotado, regressa agora com nova capa.

ATELIER PARA CRIANÇAS
"Gato, Gatuno, Gatão"
Sábado, 30/04/11, às 16.30 h


Atelier de criação de gatos dos quintais, seguido de exposição.

PROMOÇÕES e OFERTAS da FEIRA
Livros em Promoção do Dia
(20% de Desconto + oferta de Agenda):

Enquanto o Meu Cabelo Crescia
Siga a Seta!
Uma Mesa É Uma Mesa. Será?
Trocoscópio


Agendas 2011 com 50 % Desconto

Cadernos Planeta Tangerina com 20% Desconto

terça-feira, 26 de abril de 2011

Namora uma rapariga que lê

Deixámos passar o Dia Mundial do Livro (estamos sempre a deixar passar dias importantes), mas não queríamos deixar de o celebrar.
"Namora uma rapariga que lê" é o texto perfeito para o fazer: da autoria de Rosemary Urquico, foi traduzido informalmente por Carla Maia de Almeida para celebrar este dia (23 de Abril).

Espreitem-no aqui (vale a pena)

Ideias para professores, grandes e pequenos leitores



No site do Planeta Tangerina, já estão disponíveis em PDF novas propostas de exploração dos últimos livros editados pela casa (esta distinta casa).
Tínhamos alguns títulos em atraso, mas pusemos a escrita em dia e já é possível fazer download das propostas referentes aos seguintes livros:

Só para relembrar: as propostas que fazemos destinam-se a professores, educadores, bibliotecários, animadores e (super) pais. Com elas procuramos ajudar pequenos e grandes leitores a melhor descobrirem os livros editados pelo Planeta Tangerina.

Aproveitem-nas bem!

Já sabem: ficamos muito contentes que nos enviem o resultado destes e outros trabalhos. Textos, fotografias, vídeos e tudo o mais podem ser enviados para o mail da editora.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Em cadeia / adentrar na noite escura*


Mais ou menos há um ano (na Páscoa do ano passado) a Sal/Prateleira de Baixo tinha escrito sobre o Nella Notte Buia.
Passou um Verão, um Outono, um Inverno e estamos na Páscoa outra vez. Agora com um "Na Noite Escura", em português, trazido pela Bruaá.
Já tínhamos alguns livros do Bruno Munari em português (livros teóricos como o "Das Coisas Nascem Coisas") mas havia um vazio (que ocupava muito espaço) no que diz respeito aos seus livros para crianças/livros ilegíveis/pré-livros.

Irresistível o poema da Adília Lopes que a Bruaá publicou neste post:

Dia
sem poesia
não é dia
é noite escura

Mas a poesia
é noite escura

Adília Lopes


*o adentrar vem da sinopse da Cosac Naify.
A imagem é da Prateleira-de-Baixo.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Chez moi...



O jornal Le Courrier, de Genebra, escolhe todas as semanas um livro para destacar no seu suplemento cultural de fim-de-semana. A particularidade desta secção é que as capas dos livros não são fotografadas ou reproduzidas digitalmente, mas sim ilustradas pela mão do próprio autor da secção. Neste caso uma autora, a ilustradora francesa Peggy Adam, que fomos investigar e descobrimos aqui e aqui.

Obrigada à Paola (Notari) pelo recorte.

Poemas Instantâneos no Alto da Peça

Nenhum poeta de verdade usa modelos ou fórmulas para escrever poemas.
Isso ficou logo esclarecido no princípio da sessão.
Mas "a poesia é uma coisa difícil de agarrar", como disse um menino da Escola do Alto da Peça. Por isso usámos um truque que se revelou infalível: seguimos uma espécie de receita e o que parecia difícil e quase impossível, afinal também estava ao nosso alcance.

Como trabalhámos?
Cada um escrevia o que queria, respeitando os passos de um esquema-poema.
No início, sobretudo entre os mais pequenos, houve algumas dúvidas, mas assim que as cabeças entraram no esquema, as palavras desataram a sair das esferográficas e dos lápis, entusiasmadas e um bocadinho surpreendidas.

À disposição dos meninos (todos do 1.º Ciclo) havia vários temas-poemas.
Aqui ficam alguns exemplos.

O "Poema auto-retrato"


O "Poema-instantâneo-com-animais"



O "Quem-me-dera-Poema"


O "Poema-com-pergunta-retórica" (um sobre calças; outro sobre o mar):




E ainda o muito requisitado ""Não-sei-escrever-um-poema":





No final, quando lemos os textos em voz alta, foi incrível: pareciam mesmo poemas de verdade.

Obrigada aos professores e aos alunos da Escola Básica do Alto da Peça, de Alcabideche. Qualquer dia fazemos mais uma sessão!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Yaaaaaara! Parabéns!



A DGLB já divulgou os vencedores do Prémio Nacional de Ilustração 2010.
A premiada deste ano é a nossa Yara Kono, com o livro "O Papão no Desvão", com textos de Ana Saldanha, numa edição da Caminho.

O Júri, constituído por Jorge Nesbitt (ARCO), Leonor Riscado (Escola Superior de Educação de Coimbra) e Cristina Grácio (DGLB), anunciou ainda as seguintes Menções:
Marta Madureira, com o livro "A Crocodila Mandona", com textos de Adélia Carvalho, numa edição da Tcharam! e Afonso Cruz, com a "Contradição Humana", também da Caminho.






Parabéns à Caminho (duplamente vencedora) e para a Yara um abração sakamoto.
A notícia da LUSA, na edição de hoje do Público on-line.

Sever do Vouga






Na Biblioteca Municipal.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nomeações Banco del Libro

Isto hoje não para...
(e aproveito para fazer um parêntesis: passei a escrever segundo o novo acordo ortográfico e, de vez em quando, calham-nos pérolas destas: para, do verbo parar, passou a escrever-se sem acento).



E agora a notícia:

"Um Dia na Praia" e "O Mundo Num Segundo" (nas edições espanholas da Zorro Rojo e Intermon Oxfam, respectivamente) estão nomeados para Melhores Livros de 2011 pelo Banco del Libro da Venezuela (uma das mais dinâmicas instituições de promoção da leitura a nível mundial).

"Um Dia na Praia" está nomeado na categoria Primeiros Lectores (a partir dos 4 anos); "O Mundo num segundo", na categoria Lectores en Marcha (a partir dos 7).

O que é o Banco del Libro? (vale a pena conhecê-lo)
A lista dos candidatos de 2011.
Os vencedores de 2010.


Mais algumas fotos de Bolonha





(porque a qualidade das fotos anteriores não era grande coisa...)

Déjà Lu: leilões por uma boa causa

Na Déjà Lu são leiloados todas as semanas livros ou pacotes temáticos de livros (por autor, por tema), revertendo a totalidade da receita do leilão para a APPT21 (Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21) e para o Centro de Desenvolvimento Infantil DIFERENÇAS.
A Déjá lu aceita, pois, livros já lidos (preferem chamar-lhes assim do que livros em segundo mão) e aceita também ofertas para os seus leilões semanais. Desde Janeiro deste ano, quando a página foi criada, já foram leiloados mais de 500 livros e vendidos mais de 400.

Não custa nada fazer uma limpeza às estantes e enviar um pacote para a Déjà lu que os fará chegar a potenciais interessados.
Não custa nada também espreitar a página da Déjà Lu e começar a participar nos leilões.

Curso de Livro Infantil

Tem início a 16 de Maio a segunda edição do Curso de Livro Infantil da Booktailors, orientado por Carla Maia de Almeida. Os detalhes aqui.

Prémios Revista Visual

A Yara e a Madalena estão na lista de finalistas aos Prémios VISUAL, na categoria Libro Infantil. A Yara, com o livro Ovelliña dáme la (Kalandraka) e a Madalena com Los mil blancos de los esquimales (Oqo).

A VISUAL é uma revista espanhola de design, criatividade gráfica e comunicação.
A lista completa dos finalistas, aqui.
Mais informações sobre o Prémio, aqui.


Obrigada ao (sempre atento) Richard pela informação.

IV Prémio Compostela

Já foram anunciados os vencedores do IV Prémio Compostela de Álbuns Ilustrados.
Toda a informação aqui.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sophia na Biblioteca Nacional



Ontem demos um salto à Biblioteca Nacional e aproveitámos para visitar a exposição sobre Sophia de Mello Breyner.
Por coincidência, no Jardim Assombrado, Carla Maia de Almeida recordava, também ontem, algumas das palavras de Sophia sobre os livros para crianças, ouvidas este fim-de-semana no programa A Força das Coisas da Antena 2, a propósito do Dia Mundial do Livro Infantil.

Dizia Sophia em 1975:

Há um problema nos livros para crianças que sempre me preocupou muito e que é um problema que dentro de uma organização capitalista é muito difícil de resolver, que é este: o livro para crianças deve ser um livro aberto, que abre o horizonte da criança para uma cultura literária, mas também deve abrir o horizonte da criança para uma cultura plástica. Aliás, as crianças, e eu já várias vezes em reuniões com crianças perguntei isso, querem um livro cuja ilustração seja bela. Ora, a ilustração dos livros é muito cara, e acontece esta coisa terrível – acontecia, no regime em que nós vivemos. É que um livro com ilustrações belas era um livro caro, que só podia ser comprado por crianças privilegiadas.

Desde então alguma coisa mudou? Pelo menos uma, assim de repente: a ilustração deixou de ser tão cara (o que se paga por ela e também, por mudanças tecnológicas, o preço da impressão).

Quanto ao resto, a conceção do que deve ser um livro para crianças, talvez alguma coisa comece a mudar, passo a passo, em algumas casas, devagarinho... Será?

Ler mais aqui.
A fotografia de Sophia é de Eduardo Gageiro e uma das mais belas fotos que eu já vi.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Um painel em 4 tempos


Este ano decidimos não imprimir painéis para a feira de Bolonha, optando por criar uma imagem para o Planeta Tangerina no próprio stand. Como alguém sabiamente nos avisou "the idea may not be very wise...", mas o improviso não correu nada mal.


Na véspera, os artistas residentes (Madalena, Bernardo, Yara) improvisaram sobre as telas uma imagem feita com recortes de papel autocolante de várias cores.


Não havia propriamente um plano e, por isso, a imagem foi crescendo, um colando aqui, outro acolá.


No dia da abertura, os painéis estavam prontos, mas ao longo dos 4 dias de feira, as imagens foram-se transformando e ficando cada vez mais cheias, à conta das (pequenas) folgas entre reuniões que permitiram pôr de novo as tesouras em ação.

Obrigado à Ana Ventura que fez passar estas fotografias pela Lightroom e lhes deu uma nova luz.

Então e como correu Bolonha?

Têm-nos perguntado muitas vezes nos últimos dias.
Correu bem, correu bem... Mas depois (é verdade) não é fácil adiantar muito mais. Com algumas exceções, as vendas de direitos apenas se concretizam nas semanas pós-feira, depois da digestão e reflexão necessárias. Para além disso, muito do que ganhamos com a presença numa feira como esta, não é propriamente mensurável: marcamos presença, damo-nos a conhecer e abrem-se portas que, no imediato, podemos nem sequer imaginar.

Já nos disseram que Bolonha não é das feiras mais intensas ou agressivas (Frankfurt, dizem, é uma arena romana...). Bolonha tem energia, mas continua a ter bom ambiente. Com exceção de 4 ou 5 "grandes", que olham de soslaio quem entra nos stands sem autorização, é possível circular livremente, folhear livros à vontade, fazer perguntas. É normal estarem a decorrer reuniões e haver uma multidão a dois palmos, em torno de uma prateleira. A nós também nos aconteceu e ninguém se zanga. Porque os entusiastas dos livros têm aquele apetite voraz quando lhes cheira a coisa nova... e, em Bolonha, ainda há verdadeiros entusiastas dos livros.

Em Bolonha fazem-se dezenas de reuniões (de meia em meia hora, muda o interlocutor e muitas vezes a língua). Conhecem-se muitas pessoas (editores, autores, muitas pessoas que acompanhamos há algum tempo através do seu trabalho). Conta-se a nossa história (e as histórias dos nossos livros) vezes sem conta. Alinhavam-se negócios. Espreitam-se livros novos. Dá-se conta de uma editora interessante da qual nunca se ouviu falar. Repara-se, pela primeira vez, no trabalho de um ilustrador. Também se cimentam relações, provando que é possível trabalhar em conjunto com outros editores e daí retirar bons proveitos (este ano os tres caballeros Topipittori/Notari/ Planeta Tangerina, companheiros de stand e de outras aventuras, provaram isso mesmo).

É verdade que nesta nossa atividade não pensamos muito se somos ou não portugueses. Fazemos livros (matutados, escritos, ilustrados e, por acaso, impressos em Portugal), mas o país (ou, dizendo melhor, o estado do país) não é para aqui chamado. Mas temos algumas "penas" (não fossemos nós portugueses, pois então):
Por exemplo, que a DGLB não tenha estado presente na edição deste ano. A representação custa dinheiro ao país, mas potencia negócios e pode ser motor de arranque de muitas edições.
Que apenas uma jornalista (Sílvia Borges Silva da LUSA) tenha acompanhado os trabalhos da Feira. Há ali tanta matéria prima, a tantos níveis, e temos pena (lá está) que seja tão difícil aos media dar prioridade a um evento deste tipo.
Que não haja outros editores portugueses representados (e a representar os seus livros e autores) porque há muita coisa boa que merecia conhecer edições noutros países.
E, por fim, temos pena que, seguindo o exemplo de outros países, ainda não tenha sido possível aos editores portugueses organizarem-se na partilha de um espaço comum. Os pequenos editores franceses, os galegos e até os brasileiros dividem um amplo stand, poupando, certamente um dinheirão. Porque o investimento na feira ainda é grande, merecia ser estudado com sageza por todos, para daí ser possível recolher bons frutos.

Então e como correu Bolonha?
Bene! Molto bene. As imagens contam muito do que não contei aqui.



A caixa de chocolates suíços que recebemos dos fantásticos Paola e Luca (Éditions Notari). Feitos por um mestre chocolateiro suíço que combina o chocolate com outros sabores e aromas (açafrão, jasmim, canela, caril...).



À entrada, os painéis anunciando a exposição de ilustração.


A Madalena e o Bernardo em plena atividade (a Yara também lá estava...).


Nesta altura, o painel principal parecia completo. Mas com o passar dos dias, os autocolantes foram ganhando cada vez mais terreno...



The amazing guy, André da Loba, artista português e do mundo, mostrando as surpresas da sua mala de contar histórias. Ai este rapaz... Ao seu lado, a Lara da Livraria El bosque de la Maga Colibri.




A montra da livraria Corraini, no Mambo, o Museu de Arte Moderna de Bolonha. Um pequeno paraíso silencioso e recheado de livros fantásticos...

Os nossos amigos Topi mostram mais fotos aqui, aqui, aqui e aqui.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Aprender Russo



Em Bolonha foi apresentado um livro-colosso que, infelizmente, não trouxemos connosco.
É o projeto da vida de Vladimir Semenikhin, designer (Samolet design studio), e reúne em dois volumes gigantes a história da ilustração de livros para crianças na Rússia entre 1881 e 1939.

Cada volume tem 840 pgs. Aqui está à venda por 999€ (+ o preço dos correios) mas aqui, se o meu o russo não me engana, vende-se por 548€. Num dos sites diz que pesa 2 quilos e meio mas quando o tivemos na mão parecia muito mais pesado.

A pesquisa foi feita tendo como base a colecção de Alexander Durié e apenas foram feitos 500 exemplares. Há também uma versão em inglês.

Mais notícias de Bolonha para breve!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

2 de Abril: Dia Mundial do Livro Infantil



É uma tradição do IBBY (International Board on Books for Young People): pedir a um autor da Literatura Infantil ou Juvenil que escreva um texto para este dia. A mensagem de 2011 foi escrita pela autora estónia Aino Pervik e traduzida por José António Gomes.

O cartaz é uma iniciativa da DGLB que anualmente entrega ao vencedor do Prémio Nacional de Ilustração a responsabilidade de criar uma imagem especial para este dia. Este ano, a (magnífica!) imagem é do nosso Bernardo Carvalho.

O livro recorda

Aino Pervik

“Quando Arno e o seu pai chegaram à escola, as aulas já tinham começado.”

No meu país, a Estónia, quase toda a gente conhece esta frase de cor. É a primeira linha de um livro intitulado Primavera. Publicado em 1912, é da autoria do escritor estónio Oskar Luts (1887-1953).

Primavera narra a vida de crianças que frequentavam uma escola rural na Estónia, em finais do século XIX. O Autor escrevia sobre a sua própria infância e Arno, na verdade, era o próprio Oskar Luts na sua meninice.

Os investigadores estudam documentos antigos e, com base neles, escrevem livros de História. Os livros de História relatam eventos que aconteceram, mas é claro que esses livros nunca contam como eram de facto as vidas das pessoas comuns em certa época.

Os livros de histórias, por seu lado, recordam coisas que não é possível encontrar nos velhos documentos. Podem contar-nos, por exemplo, o que é que um rapaz como Arno pensava quando foi para a escola há cem anos, ou quais os sonhos das crianças dessa época, que medos tinham e o que as fazia felizes. O livro também recorda os pais dessas crianças, como queriam ser e que futuro desejavam para os seus filhos.

Claro que hoje podemos escrever livros sobre os velhos tempos, e esses livros são, muitas vezes, apaixonantes. Mas um escritor actual não pode realmente conhecer os sabores e os cheiros, os medos e as alegrias de um passado distante. O escritor de hoje já sabe o que aconteceu depois e o que o futuro reservava à gente de então.

O livro recorda o tempo em que foi escrito.

A partir dos livros de Charles Dickens, ficamos a saber como era realmente a vida de um rapazinho nas ruas de Londres, em meados do século XIX, no tempo de Oliver Twist. Através dos olhos de David Copperfield (coincidentes com o olhar de Dickens nessa época), vemos todo o tipo de personagens que ao tempo viviam na Inglaterra – que relações tinham, e como os seus pensamentos e sentimentos influenciaram tais relações. Porque David Copperfield era de facto, em muitos aspectos, o próprio Charles Dickens; Dickens não precisava de inventar nada, ele pura e simplesmente conhecia aquilo que contava.

São os livros que nos permitem saber o que realmente sentiam Tom Sawyer, Huckleberry Finn e o seu amigo Jim nas viagens pelo Mississipi em finais do século XIX, quando Mark Twain escreveu as suas aventuras. Ele conhecia profundamente o que as pessoas do seu tempo pensavam sobre as demais, porque ele próprio vivia entre elas. Era uma delas.

Nas obras literárias, os relatos mais verosímeis sobre gente do passado são os que foram escritos à época em que essa mesma gente vivia.

O livro recorda.


Nascida em 1932, na Estónia, Aino Pervik publicou cerca de meia centena de livros para crianças, a par de poesia e narrativas para adultos. Distinguida com vários e prestigiosos prémios e traduzida em diversas línguas, obras suas têm sido adaptadas ao teatro e ao cinema. A velha mãe Kunks, Arabella, a filha do pirata, Paula aprende a sua língua (integrado numa série protagonizada pela mesma personagem) são apenas três dos seus títulos mais conhecidos.